Perder completamente o medo é colocarmo-nos vulneráveis aos perigos do mundo e dificultar a nossa sobrevivência, assim como estar isentos de ansiedade é impossibilitar a nossa capacidade de agir. Conclui-se então que qualquer intervenção que objetiva a eliminação total do medo e da ansiedade está fadada ao fracasso, já que isso não faz o menor sentido.
O objetivo de um tratamento do medo e ansiedade é ensinar o sujeito a controlar estas emoções, usando-as de forma apropriada para o funcionamento de sua vida, e não paralisando-se diante delas. Brigar com a ansiedade só a faz crescer. A saída, então, é aceitá-la e aprender a controlá-la.
Tornar-se motorista
Tornar-se motorista requer um processo que ocorre em três estágios:
· Autocontrole – qualquer nova experiência provoca estresse no organismo, seja ela boa ou não. Isto ocorre porque quando mudamos nossa rotina sofremos um desequilíbrio que necessita adaptação à nova situação e esse processo vem acompanhado de ansiedade. Esta reação também acontece quando colocamos o trânsito em nossa rotina e as sensações de ansiedade e medo são extremamente normais. Nesta fase a minha atenção fica voltada para as minhas sensações corporais, o que causa intensa preocupação e sensação de descontrole. Por isso a dificuldade de manipular o veículo e coordenar mãos, pernas etc.
· Controle da máquina – nesta fase as minhas reações (tremores, sudorese, taquicardia etc) estão mais controladas e posso dar maior atenção aos comandos do carro. Pensar sobre o momento de passar a marcha (associando alavanca de câmbio e embreagem), pisar no freio, sinalizar as manobras etc.
· Controle do ambiente – esta é a fase em que dirigir se torna uma habilidade natural e não tenho mais que ficar pensando nos comandos. Tudo acontece de forma automática. Também não faz mais sentido o auto-monitoramento, em que busco entender as reações físicas. A minha atenção está totalmente voltada para o trânsito.
Todo motorista, mesmo o mais hábil, passou por este processo. O problema é que no auge da sua experiência a maioria esquece isso e tem dificuldade para entender aquele que está iniciando ou que está enfrentando um problema como a fobia de dirigir. Por isso é comum, na tentativa de ajudar os fóbicos, estes motoristas alimentarem o problema com suas críticas e impaciência.
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